quinta-feira, 22 de setembro de 2011


Cientistas dizem ter encontrado partícula que se move mais rápido que a luz

Segundo pesquisadores, medidas realizadas ao longo dos três anos de funcionamento do LHC mostraram neutrinos se movendo 60 nanosegundos mais rápido que a luz

22 de setembro de 2011 | 14h 17

GENEBRA - Uma equipe internacional de cientistas encontrou neutrinos se movendo mais rápido que a velocidade da luz, relatou o porta-voz dos pesquisadores nesta quinta-feira, 22. A descoberta pode representar um desafio a uma das leis fundamentais da física.
A descoberta pode representar um desafio a uma das leis fundamentais da física - Divulgação
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A descoberta pode representar um desafio a uma das leis fundamentais da física
Antonio Ereditato, que trabalha no Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern), disse que medidas realizadas ao longo dos três anos de funcionamento do Grande Colisor de Hádrons (LHC) mostraram neutrinos se movendo 60 nanosegundos mais rápido que a luz.
"Temos grande confiança em nossos resultados, mas precisamos que outros colegas façam seus testes e confirmem essa descoberta", afirmou.
Se confirmada, a descoberta mudaria uma parte chave da teoria da relatividade de 1905 de Albert Einstein, que afirma que nada no universo pode se mover mais rápido que a luz.
    

    As Três Faces do Amor

    A carta de amor, talvez a mais longa e mais simples, foi composta em 1875 por Mareei de Leclure, um pintor francês. Sua peça de amor continha uma frase: Eu a amo! 1.875.000 vezes. Mas este número representa apenas uma pequena parte das vezes que Eu a amo foi escrita ou falada na produção desta carta fora do comum. Mareei não escreveu a carta ele mesmo, mas contratou um escriba para escrevê-la. Segundo a tradição, Mareei ditou a carta, palavra por palavra. O escriba então repetiu cada frase para ele ao pô-la no papel. A frase Eu a amo! foi com efeito falada ou escrita 5.625.000 vezes durante a composição desta longa carta. Mareei estava apaixonado e queria que sua namorada soubesse!
    Todos nós queremos ser amados. Nossa carência de amor é tão grande que ficamos frustrados e inseguros se nossa carência de amor não é satisfeita. Mas que é amor? Sugiro que há pelo menos três faces do amor à medida que ele amadurece.: a face “se”, a face “porque”, a face “apesar de”. Estas faces surgem, conforme a nossa carência, os nossos desejos e as nossas motivações.

    A face “se”

    A face “se” é a mais fácil de reconhecer. A maior parte de nós já viu esta face do amor muitas vezes. Pelo melhor ela é manipulatória e pelo pior é destrutiva.
    Wendy tinha 18 anos.* Ela estava assentada do outro lado da mesa com sua filhinha de dois anos no colo. Contou-me sua triste história do amor “se”. Seu namorado a manipulou a ter sexo. Ele insistia: “Se você realmente me ama, é aceitável.” Ela eventualmente cedeu. Wendy engravidou, e os pais do rapaz o forçaram a casar-se com ela. Agora ele vive correndo atrás de mulheres. Ela se tornou apenas sua governanta da casa e a babá. “Perdi todos os anos de minha adolescência!” soluçou, escondendo o rosto nas mãos.
    Wendy sente profundamente o que seu marido lhe fez. Sente-se roubada e sem valor. Sente que foi forçada a se tornar mãe. Sua auto-estima é baixa; sua vida é miserável. Reconheceu demasiado tarde a face enganosa do amor “se”.
    Muitos casamentos têm como fundamento este tipo de amor. O amor “se” pode exercer uma força tão esmagadora que alguns deixam de reconhecer seu engano. O alvo primário deste amor não é a outra pessoa, mas o eu. O amor “se” se interessa apenas em satisfazer suas próprias necessidades e desejos. Muitos jovens são apanhados neste impulso egoísta de satisfação própria e reconhecem tarde demais que foram enganados.
    Tragicamente, muitos pais oferecem apenas a face “se” do amor a seus filhos. Harry cometeu suicídio porque foi reprovado no vestibular de medicina. O amor “se” do pai alimentou sua depressão. Harry sabia quanto seu pai queria que ele fosse médico. Estava convencido de que se ele não conseguisse sê-lo, seu pai o rejeitaria. De preferência a testemunhar que seu pai não mais o amava, o jovem suicidou-se.

    A face “porque”

    A face “porque” do amor opera num nível mais agradável do que a face “se”. Esta face valoriza a outra pessoa. Ela diz: “Eu a amo porque você é sensual; porque você é um ‘doce’; porque você escreve poesia romântica; porque você trás segurança à minha vida; porque você tem boa prosa; porque você dirige um carro de classe” e assim por diante. Por alguma razão qualquer, o amor “porque” escolhe olhar uma segunda vez e avaliar o objeto de seu olhar. Oferece afagos positivos à pessoa sendo amada.
    Não obstante, a face “porque” tende a promover competição e insegurança. Os que são objetos do amor “porque” sentem que precisam provar continuamente que são dignos de amor. Receiam perder a qualidade que os tomam amados. Uma jovem é amada porque é bonita. Um jovem é amado porque é atlético e bonito. Em alguns casos, o receio de rejeição futura pode mesmo impedir de desfrutar a face “porque” do amor no presente. As Escrituras nos lembram: “No amor não existe medo; antes o perfeito amor lança fora o medo. Pois o amor tem que ver com punição; logo aquele que teme não é aperfeiçoado no amor”(I João 4:18). Temor e amor não podem coexistir na mesma relação. Um amor que cria receio de fracasso não é verdadeiro amor.
    Judy era jovem e bela. Tinha ganho muitos concursos de beleza no ginásio e era uma das meninas mais populares no campus da faculdade. Era noiva de um rapaz simpático. Mas um dia a tragédia ocorreu. Ao trabalhar na tinturaria de seu pai, o fluido inflamável explodiu e queimou seu rosto, peito e braços. Ficou tão desfigurada que não permitia que as ligaduras fossem removidas exceto na presença de seu médico.
    Pouco depois do acidente seu noivo rompeu o noivado. Seus pais não podiam contemplar sua “rainha de beleza” desfigurada e raramente a visitavam no hospital. Mesmo quando falavam com ela pelo telefone, não era como antes. Dentro de poucos meses Judy faleceu, sem ter deixado o quarto do hospital. Não de complicações. Simplesmente desistiu de viver, pois a razão por que era amada foi-lhe tirada. Sua beleza foi-se.

    A face “apesar de”

    Esta espécie de amor simplesmente ama. Diferente da face “se”, esta face não é baseada em motivação egoísta. Nada espera em troca. Diferente da face “porque”, não depende do aspeto atrativo da outra pessoa. Olha além das boas e más qualidades e fita a alma. É capaz de amar mesmo quando rejeitada. Vê o belo no feio. Descobre valor infinito num ser finito. Olha com amor a todos a seu redor.
    Onde achamos uma face tão amável? A expressão máxima deste amor é Jesus. Ele veio para amar a humanidade apesar de tudo. Veio para introduzir uma face de amor que faltava desde o Jardim do Éden. Trouxe a esta terra um amor incondicional, sem temores ou motivação egoísta.
    Jesus não trouxe uma face do amor que diz: “Eu o amarei se você for uma boa pessoa. Eu o amarei se você me adorar. Eu o amarei se for um dizimista fiel.” Nem trouxe Ele uma face do amor que arrazoa: “Eu o amo porque você ora cada dia. Eu o amo porque você vai à igreja cada semana.” Tudo isto mede nosso amor a Deus, mas não mede o amor de Deus por nós.
    Deus não impôs condições a Seu amor. Com efeito, “Deus prova seu próprio amor para conosco, pelo fato de Cristo ter morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Romanos 5:8). Deus não espera até merecermos ser amados. Não há “se” nem “porque” no amor de Deus. Ele simplesmente ama! Ele é amor! Este amor continua ainda que não o mereçamos.
    Jesus demonstrou o poder do amor tipo “apesar de” quando chorou pela morte de Lázaro. Os que o viram chorando disseram: “Vede quanto o amava!” (João 11:36). Isto era amor a despeito do que Lázaro fosse. Lázaro não merecia ser ressuscitado, mas Jesus o amava o bastante para chamá-lo da sepultura.

    Que face é sua face?

    Que face do amor você prefere? A face “se”, com sua natureza manipulatória? A face “porque”, que precisa ser ganha de novo cada dia? Ou a face “apesar de”, que continua a amá-lo mesmo quando você parece não ser digno de amor?
    Seria difícil imaginar um jovem propondo a sua namorada deste modo: “Benzinho, quero que você saiba que eu a amo apesar de suas muitas faltas. Eu a amo apesar de seus dentes tortos. Eu a amo apesar de sua disposição irritada. Eu a amo apesar de…” Não levaria muitos “apesar de” antes da relação chegar a um fim traumático. Poucos realmente querem ser amados “apesar de”. Preferiríamos ser amados “por causa de”.
    Contudo, oculta atrás da face do amor “porque” está a raiz de todo legalismo religioso. Muitos querem que Deus os ame “porque” e não “apesar de”. Por certo nossas boas obras devem valer algo. Por certo estas obras devem ao menos obter um apartamento com uma vista sobre a principal avenida do céu. É-nos difícil admitir que nada trazemos à relação exceto nossa carência. É-nos difícil compreender que Deus não tem razão para nos amar, mas Ele nos ama! É-nos difícil compreender que quaisquer mudanças que esta nova relação introduz em nossa vida sejam resultado direto de Seu amor “a despeito de” e não a causa de Seu amor. Precisamos reconhecer que nada que façamos fará com que Deus nos ame mais do que já nos ama. Deus é amor!
    Jesus pleiteia conosco, “Assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros”(João 13:34). Este é realmente um mandamento fortalecido por um amor “apesar de”. Somente uma tal dinâmica podia dar uma tal ordem e esperar obediência. Aprender a descansar no amor de Deus não significa ser relaxado em manter Suas normas. Ao contrário, significa ter confiança que “nem morte, nem vida, nem anjos, nem principados, nem coisas do presente, nem do porvir, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor” (Romanos 8:38, 39).

    O significado deste amor

    Que significa ter e dar amor “apesar de”? Significa que você pode permitir que Cristo remodele sua vida sem a preocupação de que algum dia Cristo abandone Seu projeto de remodelação! Lança fora a insegurança e o medo de fracasso. Remove a ansiedade de rejeição. Significa que a gente não mais precisa competir ferozmente a fim de sentir-se amado. Não descredita o outro a fim de aumentar sua própria credibilidade. Não barganha com Deus a fim de ganhar Seu amor. Reconhece que Deus já nos viu em nosso pior e ainda nos ama. Significa não estar sob tensão constante ou não exigir nossos direitos por causa de nossa insegurança. Significa que podemos começar a partilhar amor do tipo “apesar de” com nossa família, amigos, vizinhos, colegas, membros de nossa igreja e até com aquela pessoa especial em nossas vidas.
    Tammy era uma bela jovem esposa. Sempre tinha um sorriso prazenteiro. Agora ela jazia numa cama de hospital, depois de cirurgia para remover um tumor canceroso de seu rosto. A cirurgia tinha dado uma aparência grotesca a seu rosto, e seu sorriso jovial desapareceu para sempre. O cirurgião tinha feito seu melhor, seguindo cuidadosamente a curva de seu maxilar para esconder a cicatriz, mas o tumor era muito grande e a incisão profunda demais. Seu bisturi tinha cortado os nervos do lado direito de seu rosto. A operação tinha deixado o lado direito de sua boca repuxado num meio sorriso imóvel.
    A jovem e seu marido fitaram o fundo do olho um do outro ao discutirem o futuro. Quando o cirurgião entrou, Tammy perguntou: “Minha boca será sempre assim?”
    “Sim”, respondeu o médico. “Receio que será. Para remover o tumor tive de cortar os nervos. Talvez nunca voltem a crescer. Sinto muito.”
    Tammy fitou o teto. Uma lágrima brotou de seu olho e deslizou silenciosamente em seu travesseiro. O marido tomou sua mão entre as suas. Seus olhos se encontraram, sondando e perguntando. Com um sorriso largo ele lhe assegurou amavelmente: “Benzinho, realmente gosto de seu sorriso. É gracioso.”
    Não é extraordinário saber que Deus ainda nos ama apesar de nosso sorriso torto?
    Len McMilllan (Ph.D., Ephraim Moore University) é diretor de vida de família no Pacific Health Education Center; 5300 Califórnia Avenue, Suite 200: Bakersfield, CA 93309; E.U.A.

    Mulher Amorosa ou Egocêntrica?

    Escrito por Dr. Cesar Vasconcellos de Souza
    mulherAmorosaOuEgocentricaSerá que as mulheres casadas precisam derivar suas necessidades de afeto para outras coisas na vida? Você elogia seu esposo? Quando fez isto pela última vez?

    No casamento forças inconscientes, maduras e imaturas, bondosas e maldosas, emocionais e espirituais, influenciam a vida do casal. Cada um leva para dentro do relacionamento conjugal coisas boas e ruins que trouxe do seu passado. Não tem como zerar o negativo e entrar no casamento só com o positivo da sua personalidade. Quem nega que influências afetivas negativas do passado não repercutem na vida conjugal, ou está sendo desonesto ou está negando a realidade. Ainda não se conhecem bem. Negar pode ter componentes inconscientes, é verdade. Ou seja, uma pessoa pode negar ter problemas não porque está mentindo, mas porque pode estar inconsciente da verdade interior e de como isto afeta o exterior, o relacionamento.

    Não há possibilidade de crescimento de um casal enquanto ambos – tem que ser os dois, esposo e esposa – não admitem para si mesmos os seus problemas e não procuram sinceramente entender como isto afeta o relacionamento. O mais comum é cada um acusar o outro pela infelicidade e desentendimento. É muito ruim quando um tem um temperamento defensivo, negativo, em que muito dificilmente admite ter problemas e às vezes mesmo quando admite, usa frases como: “É verdade, tenho esta dificuldade, mas...” E volta a apontar o dedo para o defeito (que pode ser verdadeiro) do outro. Esta atitude pode revelar que esta pessoa ainda permanece com um certo grau (grande ou não) de negação. E com negação não dá para nenhum casamento funcionar bem, pois como o relacionamento pode melhorar se um dos dois nega ter problemas pessoais que afetam a união, quando são problemas reais de personalidade?

    Também pode ser desgastante para um cônjuge quando sente ser necessário estar colocando limites para abusos do parceiro(a) negados por este. O amor pode morrer assim, porque desgasta, frustra, desanima, cansa. Cada cônjuge tem a obrigação e a responsabilidade de crescer pessoalmente para favorecer o bem estar do casal. A questão mais importante, então, não é encontrar a pessoa certa, mas sim procurar ser a pessoa certa. E isto envolve, inevitavelmente, sinceridade, honestidade, verdade, humildade para dar uma olhada para si, para a maneira como se comporta com o outro, e ver que pode haver problemas e dificuldades nesta maneira de agir, mesmo que o outro também possua dificuldades, o que é real, pois ninguém é perfeito.

    Há esposas, que são muito chatas, cobradoras, ranzinzas, doentes de romantismo histeriforme, sem terem os pés no chão da realidade, não valorizam o marido, as coisas boas dele, os esforços dele para trabalhar e cuidar do lar e dos filhos. Falo de esposas, porque o mais comum na literatura sobre casamento é a descrição de que os homens não são afetivos, são frios, não se interessam pelo casamento, só pensam em sexo, mas isto não é toda a verdade, e não é mesmo a verdade de todo casal.

    Há mulheres que precisam aprender a deixar de lado suas características imaturas de quererem ser o centro das atenções, um egoísmo disfarçado de "amor". Você valoriza o trabalho de seu marido? Quando foi a última vez que elogiou sincera e gratuitamente algo do trabalho dele? Quando você oferece carinho a ele, o que você deseja é dar ou receber? O amor maduro é incondicional, não nos esqueçamos disto.

    A maturidade genuína feminina depende de um desapêgo doentio do namorado, noivo ou marido. É muito fácil crer que mulheres que são carentes de afeto são sadias emocionalmente porque elas estão querendo amor e amor é algo bom. Só que o amor maduro não é pegajoso, não é dominador, não é carente, não centraliza sua felicidade num ser humano, não endeusa o cônjuge. Viver nessa carência não é amar, mas é viver num egocentrismo.

    Valorize seu marido. Não tenha medo de elogiar o trabalho dele achando que ele irá se afundar no trabalho deixando-a de lado. Um marido gratificado pelos elogios sinceros da esposa passa a ter desejo de estar com ela. E o contrário é também verdadeiro. Se ela nunca elogia, ou raramente elogia, e se ele é um homem de caráter, não irá procurar outra mulher, mas irá provavelmente canalizar sua carência saudável para mais trabalho, ou adoecerá.

    Há muita coisa importante na vida de uma mulher que ela pode fazer e se envolver, ao invés de ficar novelescamente fissurada com romance, afeto, carinho do seu homem que ela, na verdade, pode não valorizar devidamente, não demonstrar amor incondicional, só cobrar, manipular, e, assim, castrar a possibilidade de bem estar que poderia haver no casal se ela fizesse a sua parte: ser útil, descentralizar sua vida do querer o afeto do marido como se ele fosse um deus para ela, e botar a mão na massa para ajudar as pessoas desse mundo vasto cheio de necessidades válidas. Abra os olhos e você verá que há muita gente, perto ou longe, que você pode ajudar, confortar, animar, repreender com amor, orientar, ao invés de ficar olhando para seu umbigo iludida com a própria ideia de que não é amada suficientemente.

    O Domínio da Mente no Cristianismo Através da Música

    Resumo: O presente artigo pretende fazer uma análise do uso da música feito por denominações cristãs. Diante desta proposta, estudos são apresentados mostrando os efeitos que estímulos transmarginais produzem na mente de pessoas dentro de um contexto religioso. Tais estímulos são utilizados em tempos de guerra como também dentro de igrejas, levando o indivíduo ao êxtase, transes, colapso e “conversão”. Diante da afirmação cristã de que a conversão deve ser baseada em uma escolha livre e racional, o presente artigo discute o uso de tais estímulos empregados na conversão de fiéis.
    Em anos mais recentes, psicólogos, tal como William Sargant, tem se interessado nas atividades da mente envolvida em assuntos religiosos. Em um de seus livros, A conquista da mente, Sargant relata suas descobertas ao estudar os efeitos fisiológicos da conversão. Ele menciona que recebia em sua clínica muitos pacientes durante a Segunda Guerra Mundial para serem tratados. Em muitos casos, soldados de guerra que apresentavam sintomas de exaustão de combate, “estupor, perda de memória, perda do uso dos membros, desmaios, etc” (SARGANT, 1968, p. 52). Para entendermos os métodos empregados por Sargant no tratamento de seus pacientes, que explicaremos mais adiante, é importante lembrarmos que Sargant é considerado um behaviorista. Na psicologia, behavioristas defendem que “o comportamento é o único elemento qualificável e previsível do ser humano e, portanto, o único objeto da psicologia” (ÁVILA, 2003, p. 45).
    Sargant tratava seus pacientes a partir dos conceitos pavlovianos de “estimulação” e “inibição” transmarginal, onde estes pacientes eram levados a um estado de medo, excitação e alta sugestionabilidade, caindo então em colapso. Posteriormente, quando o paciente voltava a si, os sintomas que antes lhe acompanhavam, desapareciam (SARGANT, p. 29-46). Segundo ele, o prolongamento de uma estimulação transmarginal provoca um estado de sugestionabilidade, favorável a cura. Sugestionabilidade, conforme Sargant o define, é a capacidade de induzir pessoas a acreditarem qualquer coisa, mesmo naquilo que contradiz fatos evidentes. Mesmo que o paciente esteja em uma sala, deitado em um divã, quando este se encontra neste estado alterado de consciência, é possível fazer o paciente acreditar que está se afogando no mar, ou acreditar qualquer outra coisa irreal.
    Um exemplo oferecido por Sargant é de pessoas que antes eram altamente céticas a uma ideia especifica e, após um momento de excitação realizado por ele, podiam aceitá-la como se fosse a coisa mais lógica do mundo. “Repentinamente o branco é preto, amigos são inimigos e inimigos são amigos, questões insignificantes são mais importantes do que assuntos significantes, ou, talvez, nada mais parece ter qualquer importância” (SARGANT, 1975, p. 53).
    Para alcançar esse estágio de sugestionabilidade, poderiam ser utilizados vários métodos. Um deles era fazer o paciente relembrar os momentos traumáticos que lhe deixaram naquela situação. Isso podia, muitas vezes, acontecer sob a influência de certas drogas que eram aplicadas nos pacientes. Sob o efeito da droga, os pacientes relembravam com maior facilidade os eventos traumáticos de sua vida e reviviam aquele momento emocionalmente carregado, até entrar em colapso e esgotamento emocional. Após o colapso, eles descansavam tranquilamente, sem reagir a qualquer estimulo do ambiente ao seu redor, e “ao tornarem a si, muitas vezes desandavam a chorar e relatavam que seus sintomas principais haviam desaparecido de repente” (SARGANT, 1968, p. 69). Sadler define este processo como abreação. Isto é, o “processo de reviver a memória de uma experiência desagradável reprimida e expressar em fala e ação as emoções relacionadas com ela, livrando assim a personalidade de sua influência” (SARGANT, p. 67).
    Posteriormente, Sargant descobriu um método mais eficaz ao levar o paciente a um estado de excitação e medo, mesmo se não houvesse qualquer relação com o evento traumatizante. Assim fazendo, poderia alcançar os mesmos resultados (colapso e cura). Ele descobriu que o ato de relembrar o evento não era o que trazia a cura, e sim a descarga emocional.
    ‘Memórias sem afeto, memórias sem menor descarga de emoções’ eram quase inúteis; significando que, a menos que um médico pudesse levar seus pacientes a viverem de novo as emoções originariamente associadas a experiência reprimida que causara a neurose, o mero fato de lembrar-se da experiência não constitui cura (SARGANT, p. 66).
    A cura produzida pela abreação, não acontecia devido ao exercício da memória, mas à quantidade de excitação alcançada: “A quantidade de excitação provocada parecia ser o fator determinante do êxito ou malogro de inúmeras tentativas de eliminação dos padrões de comportamento mórbido recém-adquirido. Emoção que não leva o paciente ao ponto de inibição transmarginal e colapso podia ser de pouca utilidade” (SARGANT, p. 74).
    A abreação é uma ferramenta utilizada por psicólogos para levar o paciente à cura, mas Sargant nos lembra que este também “é um velho truque psicológico que vem sendo usado, para o bem ou para o mal, por gerações de pregadores e demagogos a fim de abrandar a mente de seus ouvintes e ajudá-los a assumir os desejados padrões de crença e comportamento” (SARGANT, p. 76). Muitos utilizam a abreação para mudar a maneira como uma pessoa pensa, como também devolver funções que tinham sido inibidas pelo trauma, como perda da visão, audição, capacidade de andar, segurar objetos e outros males.
    Neste momento uma pergunta pode surgir: “Quem está imune a esse tipo de controle mental?” Sargant responde afirmando: “Ninguém!” Todos, quando expostos a esses métodos, acabam cedendo uma hora ou outra. Segundo ele, existem dois tipos de pessoas na sociedade: a “comum” e a “incomum”, ou “anormal”. Para ele, a pessoa “comum” é na realidade a pessoa mais facilmente doutrinada por tais métodos.
    Aqui, “comum” ou “normal” é definido pela comunidade “simplesmente porque aceita a maioria de seus [da sociedade] padrões sociais e padrões de comportamento [...] [a pessoa] é suscetível a sugestão e foi persuadida a seguir a maioria na maior parte das ocasiões comuns e extraordinárias” (SARGANT, p. 82). Segundo ele, “o melhor meio de evitar possessão, conversão e todas as condições semelhantes consiste em evitar envolver-se emocionalmente no processo” (SARGANT, p. 112). Em frequentes ocasiões, o autor comenta que percebia estar entrando em um estado de sugestionabilidade, pois seu raciocínio já não era tão acurado como normalmente. Talvez os únicos que aparentam ser impermeável à sugestão, de acordo com Sargant, sejam os lunáticos ou doentes mentais (SARGANT, p. 192).
    O estado de sugestionabilidade, já mencionado, é interpretado como sendo “êxtase”, o qual Paulo Calderelli define da seguinte maneira:
    Alegria ou arrebatamento incontido e excessivo. Neste estado permanece suspensa toda a atividade voluntária e também, parcialmente, as funções sensoriais e psíquicas em geral, devido à prolongada contemplação de um grupo limitado de idéias. É freqüentemente observado nos delírios místicos e na histeria nesta condição o indivíduo parece ter perdido todo e qualquer contato com o mundo exterior (CALDERELLI, p. 287).
    Este estado de consciência alterada se caracteriza “por um limiar sensório e por um abandono dos modos habituais de perceber o meio exterior e/ou interior” (WHITE, 1997, p. 24).

    O êxtase religioso

    O êxtase não é um fenômeno que acontece apenas no meio “secular”. Ele também é experimentando no âmbito religioso. Assim sendo, nos interessa especialmente a interpretação de Mendonça (1997, p. 150) acerca deste fenômeno: “O êxtase pode ser definido como um estado de consciência alterado, com maior ou menor intensidade, e que se caracteriza pela passagem que o individuo sofre de uma realidade para outra. Na maior parte das vezes o êxtase é procurado pelos indivíduos, especialmente nas práticas religiosas em que é valorizado como canal de comunicação com o sagrado”.
    No caso de Sargant, ele menciona que o êxtase religioso também se tornava útil e necessário para a cura de traumas passados. No entanto, o êxtase religioso é aqui defendido como uma forma de experimentar o divino. Rosileny Santos (2004, p. 105), ao analisar alguns relatos de pessoas que experimentaram o êxtase religioso, afirma que “desde relatos mais antigos até mais recentes, o êxtase religioso tem a mesma conotação: é pessoal, tem a ver com a racionalidade da pessoa, independente da cultura ou da religião, e é uma busca que em si promete momentos de euforia e bem-estar”.
    O êxtase ou a excitação mental pode ser obtido de diversas maneiras, em ambientes religiosos: através do medo, choques elétricos, drogas, álcool, sexualidade e música. Os dirigentes das atuais religiões não são ignorantes destas armas fisiológicas.
    Jejum, castigo da carne por flagelação ou desconforto físico, regulação da respiração, revelação de mistérios terríveis, toque de tambor, danças, cantos, provocação de medo, pânico, iluminação fantástica ou gloriosa, incenso, rogas inebriantes – esses são apenas alguns dos inúmeros métodos empregados para modificar a função cerebral normal para propósitos religiosos (SARGANT, p. 94).
    Já que a musica é um dos “métodos empregados para modificar a função cerebral normal para propósitos religiosos”, nos interessa nesse momento descobrir como ela é utilizada para alcançar estes níveis de consciência alterada em âmbito religioso.

    A música e o êxtase religioso

    Não se pode duvidar do poder que a música tem sobre a mente humana. Ela é capaz de alterar o estado da mente do ouvinte, assim como dominá-la. O ouvinte “antes de mais nada, precisa ser musicalmente sensível e tem de estar na disposição de espírito certa, para ser dominado pela música. E a música tem de ser exatamente do tipo certo. Ritmo percussivo agudo pode fazer um paciente entrar em espasmos, como uma marionete” (JOURDAIN, 1998, p. 381).
    Teóricos que se especializaram nos efeitos fisiológicos da música se impressionam a que ponto o corpo pode ser afetado pela musica:
    A música influi na digestão, nas secreções internas, na circulação, na nutrição e na respiração, como também até as redes nervosas do cérebro são sensíveis aos princípios harmônicos. Sem duvida a música provoca certas mudanças biológicas, podendo ocasionar uma alteração no pulso, na respiração e na pressão externa do sangue; retarda a fadiga muscular e aumenta o metabolismo, amplia a sensibilidade e facilita o acesso a outras formas de estímulo e percepção (SILVA, 1989, p. 40-41). No extremo oposto da escala, os ritmos acelerados elevam o ritmo das pulsações do coração e, portanto, a excitação emocional (SILVA, p. 44).
    Dessa forma, o ritmo se torna importante nas diferentes formas de reações mentais. Ritmos diferentes produzem reações diferentes. O ritmo pode
    conduzir a histeria, criar ou provocar um efeito hipnótico. Se for do tipo repetitivo, obsessivo, causará psicologicamente uma depressão; e se iniciar de forma lenta, passando a um movimento cada vez mais rápido, poderá provocar obscurecimento da consciência, especialmente se a melodia que o acompanha for contínua, sem fim, suprimindo a sensação de tempo. Um exemplo disto é o ritmo hipnótico das batidas dos atabaques nos rituais de macumba, que com um furor crescente é acompanhado pelos aficionados através de movimentos contorsivos. As variações cadenciadas, que se aceleram cada vez mais e mais, elevam a pessoa a manifestar o “santo” (SILVA, p. 47).
    Quando esse se torna repetitivo, através de instrumentos de percussão, o ouvinte pode sentir fadiga, passando por um “amortecimento consequente da consciência”, levando “iniciados a um verdadeiro estado de hipnose” (SPARTA, 1970, p. 57). Rosileny Santos (p. 177) acredita que apesar desses efeitos serem notados quando certos ritmos são tocados “as músicas utilizadas nas celebrações pesquisadas não pretendem provocar o êxtase”. No entanto em várias circunstâncias, a música é o elemento-chave na religião para produzir um estado de transe nos fiéis, sendo esta uma experiência central em muitas religiões. Podendo se concluir que a música é um método eficaz na produção de estados de transe, mesmo quando não produzido intencionalmente.
    O transe religioso pode se tornar especialmente útil quando é necessário uma “conversão” da pessoa para a nova religião. Ele se torna útil para a dissipação de crenças e comportamentos antigos e a assimilação de novas crenças e padrões. É crucial poder “provocar certo grau de tensão nervosa ou despertar sentimentos de cólera ou ansiedade suficientes para assegurar a atenção inteira da pessoa e possivelmente aumentar sua sugestionabilidade” (SARGANT, p. 95). Após o êxtase ou colapso, a pessoa volta ao normal, mas as novas ideias sugeridas ficam implantadas.
    Cientes do poder da música sobre a mente humana, muitas religiões têm se apoderado desta ferramenta para agir sobre a mente de seus fiéis. As religiões afro, em especial, conseguem controlar o nível de sugestionabilidade, controlando o ritmo da música.
    O caso de homens e mulheres que foram levados a um estado de sugestionabilidade pelo toque de tambor vodu mostra o poder de tais métodos [...] O sacerdote vodu aumenta a excitação e a sugestionabilidade alterando a altura e o ritmo do som dos tambores [...] Depois de um colapso final que terminava em estupor, os participantes… podiam acordar com uma sensação de renascimento espiritual (SARGANT, p. 110).
    Para os que são dominados pela música, a sensação é de estar sendo dominado por uma força transcendente (SARGANT, p. 113). “Embora aparentemente inconscientes, eles apresentam todo o pormenorizado comportamento que se espera da divindade pela qual se acreditam possuídos” (SARGANT, p. 110).
    Ao compararmos as diferentes religiões existentes, podemos perceber que o êxtase ou o transe religioso é um fenômeno existente em quase todas elas, e suas interpretações também são múltiplas. “O êxtase provoca as experiências traduzidas pelas denominações como ‘voos mágicos’, ‘ascensão ao céu’, ‘viagem mística’ [...] o ‘ter acesso às altas esferas e de descer as esferas inferiores” (ELIADE, 1998, p. 49). Sargant, no entanto, procura deixar claro que independente da explicação que possa ser oferecida no âmbito religioso, o fenômeno é o mesmo que suas experiências com os soldados da Segunda Guerra.
    Durante a guerra, como vimos, o sistema nervoso humano pode ser bombardeado por estímulos de intensidade suficiente para produzir exatamente as mesmas condições de dissociação mental e transe que são deliberadamente produzidas em outras partes do mundo pelos tambores, pelas danças e por outras técnicas excitadoras (SARGANT, 1975, p. 217).
    Ele relata suas viagens para países como Sudão, Zâmbia, Nigéria, Quênia, Haiti, Jamaica, Barbados, Brasil, Estados Unidos e outros, e seu contato com cultos que promovem oportunidades de êxtase e colapso. Em cada uma delas podemos encontrar o papel fundamental da música como instrumento para se chegar ao transe.
    Quero salientar mais uma vez que, sempre quando os seres humanos, mesmo nas sociedades mais evoluídas, são impelidos a dançar sob-ritmos possantes e repetitivos, suscita-se uma atmosfera de sugestionabilidade aumentada que libera tensões acumuladas, ódios e outras emoções dos participantes. As crenças em líderes religiosos ou políticos ou sociais podem ser fortalecias, ou também eliminadas para serem substituídas por alguma crença diferente, dependendo do comportamento e dos propósitos daqueles que controlam os acontecimentos (SARGANT, p. 155).

    O cristianismo e o êxtase religioso

    Ele relata uma experiência que teve na Nigéria que o assustou. Como já estava acostumado a observar religiões primitivas, não esperava ver o mesmo fenômeno acontecendo em religiões cristãs.
    Vimos aqui novamente o mesmo padrão de danças, transe, ‘possessão’ e colapso, mas esta era uma cerimônia cristã, em que alguns dos crentes ficavam possuídos pelo Espírito Santo. [...] Havia jovens entre os que tocavam tambores, e a maioria dos dançarinos eram jovens. Fiquei horrorizado ao ver crentes de dez a quatorze anos entrando em transe com colapso, e isto era considerado uma manifestação, não de espíritos ancestrais de uma tribo, mas sim do Espírito Santo e do mesmo Deus que é adorado no mundo cristão inteiro (SARGANT, p. 179).
    Além do mais, pode-se observar uma ligação entre os estados de transe produzidos pela música, e a sexualidade dos fiéis subjugados pela música. “Frequentemente os próprios homens que tocavam os tambores pareciam tentar criar um nível máximo de reação na paciente específica diante deles. Era quase como se as mulheres estivessem sendo sexualmente possuídas pelos tambores”. Para William Sargant, tanto o som dos tambores quanto o sexo são capazes de produzir um estado de transe ou semi-transe, “terminando em colapso dos nervos e relaxamento” (SARGANT, p.163).
    Qualquer ideia que for sugerida em um momento de sugestionabilidade será assimilada pelo fiel, seja pelo condutor da cerimônia como qualquer outro que esteja próximo à pessoa. Sargant menciona que rapazes, logo após tais reuniões sugestivas realizavam investidas sexuais nas moças da igreja, e estas facilmente aceitavam seus convites. “A moça podia ser persuadida ao abandono erótico tão facilmente quanto à aceitação da mensagem do evangelho” (SARGANT, 1968, p. 225). Dias após o efeito das reuniões ter passado, a mesma investida era realizada por estes rapazes nas mesmas moças, sendo, no entanto, declinado com um “eu não sou uma moça desse tipo”.
    Sabendo que tais métodos são utilizados dentro do cristianismo, é possível estudar alguns movimentos e grupos religiosos analisando como esses têm se utilizado da música para alcançar estados de êxtase religioso. Somerset Maugham, ao comentar sobre os Exercícios Espirituais dos Jesuítas, descreve os métodos empregados para atingir estados de consciência alterada:
    Dizem que o resultado da primeira semana é reduzir o neófito a completa prostração. A contrição aflige-o, a vergonha e o medo angustiam-no. Não só se sente aterrorizado pelos assustadores quadros em que pousou seu espírito, mas também fica enfraquecido por falta de comida e esgotado por falta de dormir. É levado a tal desespero que não sabe onde procurar alívio. Então um novo ideal é colocado a sua frente, o ideal de Cristo; e a esse ideal, com a vontade destruída, ele é levado a sacrificar-se de coração alegre [...] Os ‘Exercícios Espirituais’ são o método mais maravilhoso até hoje inventado para conquistar controle sobre essa coisa errante, instável e voluntariosa que é a alma do homem” (SARGANT, p. 162).
    Através desse relato, podemos ver claramente as etapas já mencionadas em nosso estudo. O fiel é levado ao medo, tensão e esgotamento mental, e quando este se encontra em um momento de sugestionabilidade, novas ideias podem ser implantados na mente, o resultado é que ele sai de tais exercícios “convertido”. O medo, segundo Sargant, também era utilizado por John Wesley, que viveu no século XVIII:
    Antes de tudo, Wesley criava alta tensão emocional em seus prosélitos potenciais. Achava fácil convencer grandes públicos daquela época de que o fato de não alcançarem a salvação necessariamente os condenaria para sempre ao fogo do inferno. A imediata aceitação de uma fuga a tão medonho destino era veementemente incentivada sob a alegação de que quem deixasse a reunião “sem mudar” e sofresse um acidente repentino e fatal antes de haver aceito sua salvação iria diretamente para a fornalha ardente. Esse senso de urgência aumentava a ansiedade prevalecente que, à medida que crescia a sugestionabilidade, podia contagiar todo o grupo (SARGANT, p. 100).
    Além de suas pregações, a música de seu irmão era uma ferramenta poderosa para alcançar os objetivos desejados:
    Com auxílio de seu irmão Charles, cujos hinos eram dirigidos às emoções religiosas e não à inteligência, ele descobriu uma técnica extremamente eficaz de conversão – uma técnica empregada não apenas em muitas outras religiões bem sucedidas, mas também na moderna guerra política (SARGANT, p. 100).
    Aqui, o êxtase religioso recebe uma roupagem “cristã”. Para John Wesley, por exemplo, tais colapsos eram evidência de “santificação” (SARGANT, p. 104). Outros os interpretavam como a descida do Espírito Santo sobre a congregação (SARGANT, 1975, p. 92-93).
    Na atualidade, a música tem se tornado uma parte importante do culto, especialmente quando existem tantos equipamentos e recursos para intensificar os efeitos da música. Aldous Huxley, comentando sobre a facilidade existente hoje de recursos para induzir estados de sugestionabilidade nas massas, diz:
    Reuni uma multidão de homens e mulheres [...] tratai-os com música de banca amplificada, luzes brilhantes e a oratória de um demagogo que [...] seja simultaneamente o explorador e a vítima da intoxicação do rebanho, e podereis de pronto reduzi-los a um estado de sub-humanidade quase sem mente. Nunca antes tão poucos estiveram em condições de transformar tantos em tolos, maníacos ou criminosos (SARGANT, 1968, p.164).
    Podemos afirmar que, apesar do êxtase religioso não ser frequente entre cristãos como o é em religiões afro, sendo às vezes até condenado, nos últimos tempos, tem se tornado mais frequente, especialmente em igrejas que valorizam o louvor carismático. A música, mais uma vez, é um dos métodos mais utilizados para alcançar o êxtase (MEDONÇA, p. 150). Esse fenômeno pode ser facilmente observado em ambientes pentecostais.
    A adoração pentecostal e carismática, impregnada de ritmo e adaptada a cultura popular, abre espaço para o florescimento das experiências místicas, fortalece o vínculo com a cultura primitiva africana e consolida a ênfase na imanência divina, o que tende a uma superação dos limites entre sagrado e profano (DORNELES, 2001, p. 201).
    Muitos não veem tais técnicas como algo ruim, e sim positivo. Judson Cornwall, descrevendo a experiência pentecostal, afirma que o êxtase espiritual é fundamental para o contato com o Espírito Santo:
    Que conforto e vigor espiritual recebemos quando, em meio a adoração, nosso espírito tem contato com o Espírito de Deus! Há momentos em que o espírito parece assumir o controle de todo o nosso ser e se acha tão achegado ao Espírito de Deus, que temos a impressão de estar tendo uma experiência fora do corpo. [...] O êxtase espiritual faz isso. Atingimos novas dimensões, novos picos de gozo, e nosso espírito paira tão livre que temos a sensação de não mais estar no corpo e na terra. [...] Mas a adoração não liberta apenas o espírito do adorador. Ela é um meio pelo qual nossa alma também pode extravasar-se. Na presença do Senhor liberamos as emoções reprimidas durante longo tempo. É que na adoração tudo é válido: lágrimas, suspiros, gritos, cânticos e até o silêncio (1995, p. 101).
    Como já observamos anteriormente, música, excitamento, esgotamento emocional e relaxamento são fundamentais para o êxtase espiritual. O líder espiritual se torna a peça central nesse processo.
    Essa pessoa, acompanhada de outros cantores e orquestra, inclusive instrumentos de percussão, conduz o cântico de acordo com uma bem planejada, mas aparentemente espontânea progressão, encorajando o povo a ‘abandonar-se a si mesmo ao Espírito’, em cânticos, palmas e dança. (HUSTAD, 1996, p. 14).